ENVELHESCÊNCIA (Um verso ao tempo que nos transforma)Passa o tempo, e com ele, nós. Rugas são mapas de memórias, Cabelos prateados — vestígios de histórias, Que o vento não apaga, mas a vida traz em nós. Aos cinquenta e cinco, ou mais, O espelho reflete um ser que já foi E que ainda é, Mesmo que o corpo decline E o passo seja mais lento. Há quem lute contra o tempo, Botox, ginástica, dieta, Mas a verdade? O corpo sempre cede. A carne envelhece, O vigor se despede. Mas há quem compreenda, Quem transite com sapiência. A pele pode enrugar, Mas a alma se estica — O olhar se aprofunda, A mente, quando cuidada, Floresce. Já não há pressa. Já não há o peso do ter. Há o ser. O silêncio vale ouro, E a companhia de poucos, Tesouro. A aposentadoria chega. E com ela, perguntas: — Quem sou eu agora? Sem o crachá, sem o título, Sem o papel social? Alguns sucumbem ao vazio, Outros, renascem. Descobrem a arte do ócio, O prazer de caminhar sem destino, De tomar café olhando o mar, De aprender um novo idioma, Ou simplesmente… respirar. Envelhescência, Um estado de ser, Onde o corpo se dobra, Mas o espírito pode crescer. A morte? Ah, sim, ela chega. Mas o que importa é o caminho, É o dançar até o fim. Mesmo que o corpo decline, Que as pernas tremam, E os ossos doam, O coração pode pulsar poesia, Até o último sopro. Pois envelhecer Não é morrer aos poucos, É viver de forma plena Na certeza da finitude. E se o corpo sucumbe, Que a alma floresça. Pois cada ruga, Cada cicatriz, É um verso da nossa ode à vida. Envelhecer… É compreender que o tempo Não nos toma nada. Apenas nos molda Para o inevitável encontro Com a eternidade.
Poeticus Eternus
Enviado por Poeticus Eternus em 07/01/2025
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