DEPORTADOS

Acorrentados, algemados,

Sonhos despidos, rostos marcados.

O peso da esperança esmagado no voo,

Rumo ao lar que agora é exílio, ao tormento ecoou.

Brasileiros, pacíficos, almas gentis,

Buscavam o brilho, os campos, os confins.

O "American Dream" que seduz e engana,

Retornam como sombras, dor que desumana.

Marginais? Não! Apenas sonhadores,

Que enfrentaram mares, desertos, horrores.

E agora exibidos, num teatro de dor,

Humilhação vestida de falso rigor.

Oh, terra de liberdade, terra prometida,

Por que mutilas almas com tal investida?

Não são números, são vidas, são histórias,

Levadas ao chão, apagadas suas glórias.

Deportados, mas não esquecidos,

Por suas lágrimas, somos atingidos.

E o sonho americano, ao mundo revela:

Nem todo ouro reluz na janela.