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FRANCISCUS Em memória ao Papa Francisco (1936–2025)

FRANCISCUS

Em memória ao Papa Francisco (1936–2025)

23/04/2025

 

Silenciou-se uma voz...

mas ecoará para sempre —

nos becos da dor,

nos vales do humano,

nos olhos de quem sonha com justiça.

Franciscus,

homem de branco e de todas as cores,

que não teve medo de sujar os pés

nas estradas da exclusão.

Estendeu a mão ao invisível,

acolheu os que ninguém via.

Foi pastor, mas também irmão,

da criança sem lar,

do idoso esquecido,

do indígena deserdado,

do imigrante em fuga,

do animal abandonado,

da Terra esgotada.

Seu verbo foi diálogo,

sua liturgia: tolerância.

Na cruz que carregava

não havia armas,

mas palavras.

Não havia condenações,

mas escuta.

Em tempos de muros,

ergueu pontes.

Em tempos de gritos,

semeara silêncios férteis.

Em tempos de tirania,

gritava: Democracia é dignidade!

E mesmo sob olhares severos,

não recuou —

denunciou a guerra que fere,

o ódio que cega,

a injustiça que mata.

Amava como se o mundo coubesse em seu peito.

E nele coube mesmo —

o planeta ferido,

os rios poluídos,

as florestas rasgadas,

os bichos em lamento,

as minorias em pranto.

Franciscus,

não partiste.

A tua ausência

é presença em cada ato de bondade.

És agora brisa que consola,

luz que guia,

semente que brota em corações atentos.

E quando falarmos de amor,

de paz,

de compaixão —

te nomearemos,

como quem reza,

como quem planta,

como quem acredita

que a santidade habita

o mais humano dos gestos.

 

 

 

Poeticus Eternus
Enviado por Poeticus Eternus em 23/04/2025


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