POETICUS ETERNUS

" Somos o que pensamos, fazemos e falamos"

Textos


TRONO DE NINGUÉM (Vergonha, Escárnio, Deboche)

 

Nos salões de mármore, onde o eco é ouro,

Brindam taças cheias de nosso suor.

Vestem-se de farsa, rindo do choro

De quem sua alma vende por um favor.

 

Sorrisos de escárnio em ternos bem passados,

Cargos herdados como jóia de sangue:

Filhos, amigos, irmãos nomeados,

Enquanto o povo na fome se exangue.

 

Falam de pátria com voz encenada,

Mas sua pátria é o cofre, é o cifrão.

A caneta que assina a jornada

É um punhal cravado em nossa mão.

 

Indicações que comprometem o serviço público

Burlando qualquer senso da meritocracia

Ressurgindo o nepotismo clássico

E minando o senso de credibilidade

 

Salários lunáticos por não fazer nada,

E o povo, escravo de impostos e filas.

Na TV, a maquiagem é ensaiada,

Mas nas vielas só restam as rimas:

Um deboche à nós, humildes seres exercendo a dignidade

Indicações nefastas e que fazem tanto mal

Tribunais aparelhados com cônjuges e parentes

Minando a confiança da sociedade e blindado aliados

 

Uma afronta aos que estão fora dos muros do poder

Uma vergonha para uma nação desigual

Um escárnio para as leis vigentes

Um deboche com as justificativas dadas

 

Vergonha? Não sentem. Conhecem o escudo

Do foro, do cargo, da pose arrogante.

Debocham do povo mudo e miúdo,

Num teatro sombrio, farsante.

 

E nós, espectadores de nossa prisão,

Pagamos o palco, a luz e a cortina.

Mas um dia, o grito da multidão

Será uma lâmina justa, será uma tempestade fina.

 

Poeticus Eternus
Enviado por Poeticus Eternus em 30/04/2025


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