ETARISMO ( EU)

No espelho o tempo me encara, rugas contam o que não cala.

Cada marca é um livro aberto, de histórias que não se embalam.

Passos firmes (ainda), olhares que duvidam do intento.

Tempo que marca cada parte do corpo

Fios de cabelos brancos entregando uma nova fase

Olhares que estão impregnados pelo preconceito, ainda

Etarismo que margeia nossos passos e nossas relações

O mundo quer me silenciar, como se o tempo fosse desalento.

Mas há luz na estrada trilhada, há saber no tempo que passa.

Não sou sombra do que fui, sou raiz que o vento não arrasta.

Já viram o sol sob meu olhar, mas esquecem que ainda arde.

Sou memória, sou presença, sou a voz que não se abate.

Os versos que escrevo e deixo como meu legado.

Poesia que lateja em minhas sinapses

Versos que fluem no tempo findo, escritos na pele, em cada caminho.

A vida sussurra, eu a traduzi, sou poeta, sou destino.

A tinta dança sobre o papel, como folhas ao vento errante.

Memórias tornam-se eternas, na poesia que segue adiante.

Se o corpo muda, a alma escreve, rimas que o tempo não apaga.

Sou poeta do que vivi, sou voz que nunca se cala.

E no compasso das palavras, encontro o que sempre fui—

Não apenas tempo e história, mas poesia que reluz!

Envelhecer não é declínio, é a essência que se refina.

Sou história viva, sou força, sou o tempo que ilumina.

Sou um livro a ser descoberto e lido

Um registro de acontecimentos que marcaram

O tempo não rouba, ele molda, como o vento esculpe a montanha.

Sou história que merece respeito, sou tempo que nunca me ganha!