EM NOME DO SILÊNCIO, NÃO ( Genocídio em Gaza)

EM NOME DO SILÊNCIO, NÃO

( Genocídio em Gaza)

24/07/2025

No chão seco de Gaza

brotam corpos onde antes havia infância

Brincadeiras viraram poeira,

sorrisos soterrados sob escombros sem nome

Quem contará as crianças não enterradas?

Quem ouvirá o choro que não mais ecoa?

Quem ousará dizer: isso não é genocídio?

O mundo —

mudo,

cego,

abafado por confortos ocidentais

Dorme em berço diplomático

enquanto morre uma nação no colo da História

Na pele de cada mãe há um lamento

que o vento não ousa calar

Na pupila de cada pai

arde a pergunta que não cessa:

Por que meu filho foi alvo?

Palavras da paz viraram estilhaços,

acordos são assinados com sangue,

tanques são evangelhos de aço

pregando o fim do próximo

E enquanto isso —

governos hesitam,

instituições se omitem,

os povos viram a face

para que a dor não os atravesse

Mas nós não nos calamos!

Não emudecemos diante do massacre!

Não pactuamos com o horror revestido de neutralidade!

Conclamamos os poetas

os artistas,

os professores,

os operários do verbo e da justiça:

Gritem!

Escrevam!

Marcham com a voz!

Porque cada silêncio é uma bala

Cada omissão, um míssil

Cada indiferença, uma cova aberta

E que nos julguem por sentir demais,

por chorar crianças que não são “nossas”,

por denunciar a barbárie mesmo sem mandato

Pois enquanto uma criança morrer com fome,

com medo,

com uma bomba por travesseiro —

nenhum de nós estará salvo