POETICUS ETERNUS

" Somos o que pensamos, fazemos e falamos"

Textos


GAZA EM LUTO (denúncia, dor e eternidade)

Na terra onde outrora brotavam tâmaras,

Hoje há sangue escorrendo nas ruas caladas.

Um pão? Um sonho que morreu na boca da criança.

Água? Um fio turvo entre bombas e esperança.

Mães esfarelam pedra para fingir alimento,

Enquanto os céus vomitam aço e julgamento.

As tripas gritam mais alto que as sirenes,

E o silêncio do mundo pesa mais que mil reféns.

Um menino, costelas cortando o próprio peito,

Sopra poeira e chora migalhas no leito.

Seus olhos são poços secos de súplica e horror,

Na ausência do leite, mamam o próprio torpor.

Cadáveres não têm nome — só cheiro e mosca.

Filas por arroz que não existe — a fome esboça

Uma nova geografia no corpo em ruína:

Barrigas que explodem em silêncio assassina.

Gaza, cemitério de promessas e trigo,

Lambe a terra seca à espera de abrigo.

Crianças mastigam jornal e papelão,

Enquanto morrem com olhar fixo na televisão.

Não há bandeiras na fome — só caveiras.

Não há heróis, só estômagos em fileiras.

E o mundo? O mundo assiste, calado e pleno,

Enquanto um povo inteiro afunda no veneno.

Poetas se calam, governos se omitem,

Mas a fome, esta grita, e seus dentes mordem.

Mordem carne, futuro e qualquer utopia:

Gaza sangra, morre, e o mundo aplaudia.

Veritas per verba, dolor per visus.

(Verdade pelas palavras, dor pelos olhos)

 

Poeticus Eternus
Enviado por Poeticus Eternus em 26/07/2025


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